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Hoje em dia já não se pensa na internet apenas como um simples meio de comunicação, a internet hoje é um meio de sociabilização e de intervenção económica e política. A internet surge recentemente como uma forma de conhecimento, como uma sociedade de aprendizagem em que se pode abordar qualquer âmbito da natureza humana (cf. Castells apud Coutinho e Alves, 2010: 1). Esta sociedade de aprendizagem proporciona novas formas de obter o conhecimento, e que pode ser conseguido em diversos contextos, quer sejam formais ou informais de uma forma sempre atualizada. As tecnologias da informação e comunicação (TIC) podem ser encaradas tanto como ferramentas cognitivas como sociais que modificam a maneira como se comunica, interage e aprende (cf. Jonassen apud Coutinho e Alves, 2010: 2).
As TIC transformaram as sociedades e isso sujeitou as escolas e os professores a terem de se adaptar a esta nova realidade. Com estas transformações hoje fala-se de uma geração net, que estão a criar um mundo mais competitivo, com mais espirito para a mudança, inovação e criatividade. Cabe assim às escolas e aos professores prepararem os alunos para este “novo mundo”, devem desenvolver informação qualificada, significativa e multimédia, em que a pedagogia da transmissão deve dar lugar aos processos de cooperação, colaboração, interatividade e diálogo, com vista ao conhecimento. Face a este cenário torna-se pertinente compreender e refletir sobre o papel que a internet desempenha a nível educativo? Como a escola se deve adaptar a esta realidade?
Com a web a possibilidade de conhecimento tornou-se mais abrangente, uma vez que a web possibilita ter acesso a fontes de informação que anteriormente seriam inacessíveis. Hoje a influência da internet está presente quer diretamente nas salas de aulas, como no ensino à distância (e-learning), ou seja, a internet possibilitou a expansão da escola para todo o lado, a escola já não está confinada às paredes de um edifício, mas é acessível de qualquer ponto. A web é um recipiente de informação em constante expansão, cada vez são mais as informações e conteúdos disponibilizados online.
A educação que sempre foi fragmentada e em certa forma isolada, que estava retida dentro de cada sociedade, está agora generalizada e forma uma espécie de unidade educativa, uma comunidade educativa. Passamos a ter apenas uma única sociedade, a “sociedade web”. Logicamente isto acarreta grandes alterações nas diversas esferas da sociedade, como a económica, política e cultural.
Nas escolas propriamente ditas, outra vantagem da internet consiste no facto de esta possibilitar a substituição das bibliotecas escolares tradicionais por bibliotecas digitais, com a vantagem de as segundas permitirem um armazenamento maior de informação, com menos custos e mais atualizada. Apesar disto, temos de ter em conta que a internet é um meio acessível a toda a gente, e como tal todo a gente tem a possibilidade de introduzir a informação que bem entender. Desta forma, o facto de a internet nos dar um acesso fácil a tanta informação deve ser encarada com algumas reservas, porque nem toda a informação disponível vai ser fidedigna e útil. Logo, cabe às escolas, e nomeadamente aos professores, filtrarem a informação que consideram relevante para os alunos, isto é, os professores vão ter que ter um papel de orientadores dos alunos nesta rede de informação.
Aspetos mais relevantes da utilização da internet (Neto apud Coutinho e Alves, 2010: 2):
· Flexibilidade de tempo: O utilizador não está sujeito a horários rígidos.
· Independência geográfica: Um computador ligado à rede permite quebrar o isolamento de certas escolas, que dificilmente teriam acesso a acontecimentos distantes no espaço.
· Baixos custos: dispondo de um computador e de uma linha telefónica, qualquer utilizador pode facilmente aceder à rede.
· Acesso a fontes de informação: Facilita o acesso a fontes de informação variada e atualizada, relativas aos conteúdos disciplinares.
· Perenidade da informação: Os documentos ficam disponíveis para que os outros utilizadores os possam consultar mais tarde.
· Aprendizagem ativa: A realização dos trabalhos partindo dos conteúdos presentes na web favorece a valorização da ação do aluno, a aprendizagem numa perspetiva construtivista.
· Espírito crítico: Contribui para o desenvolvimento do espírito crítico, pela necessidade de seleção de informação, com vista à resolução de problemas.
· Partilha do saber: A internet permite que o trabalho desenvolvido pelos alunos salte os muros da escola.
· Existência de público: Ao verem que os seus trabalhos são apreciados por outros, os alunos são estimulados a produzi-los com rigor, não para alcançarem uma boa classificação, mas por uma questão de realização pessoal e social.
· Educação global: O uso da internet facilita uma visão do mundo como uma realidade interdependente, permitindo uma partilha de problemas e o encontro de soluções.
· Abertura ao mundo: Numa sociedade cada vez mais global, a internet possibilita o conhecimento e com preensão de outras culturas.
· Motivação: Apesar de acusada de estimular o isolamento, inibindo o convívio com os colegas, a internet apresenta-se como um recurso para aumentar a comunicação com os outros.
Hoje a internet apresenta novos desafios. O surgimento da Web 2.0 possibilitou uma maior democratização da internet e uma utilização menos onerosa, na medida em que possibilitou a interação direta dos utilizadores nos diversos conteúdos e um acesso mais livre. Através das novas ferramentas como os blogues, podcast, Hi5, etc., que surgem com a Web 2.0, os utilizadores da internet têm a possibilidade de publicarem diretamente as suas produções.
Principais características da Web 2.0 (Alexander apud Coutinho e Alves, 2010: 8):
1) Interfaces ricas e fáceis de usar;
2) O sucesso da ferramenta depende do número de utilizadores, pois deles depende a melhoria do sistema;
3) Gratuidade na maioria dos sistemas disponibilizados;
4) Maior facilidade de armazenamento de dados e criação de páginas online;
5) Vários utilizadores podem aceder a mesma página e editar as informações;
6) As informações mudam quase que instantaneamente;
7) Os sites/softwares estão associados a outros aplicativos tornando-os mais ricos e produtivos quando os mesmos estão trabalhando na forma de plataforma (união de vários aplicativos);
8) Os softwares funcionam basicamente online ou podem utilizar sistemas offline com opção para exportar informações de forma rápida e fácil para a web;
9) Os sistemas param de ter versões e passam a ser atualizados e corrigidos a todo instante, trazendo grandes benefícios para os utilizadores;
10) A atualização da informação é feita colaborativamente e torna-se mais fiável com o aumento do número de pessoas que acede e atualiza.
Várias das ferramentas que a Web 2.0 proporcionou podem ter uma vertente educativa significativa, os principais serão talvez os blogues, wikis e podcasts. O blogue, que nós próprios utilizamos aqui com fim educativo, é o recurso mais utilizado nas escolas.
“Gomes (2005) faz uma distinção entre os blogs enquanto “recurso pedagógico” e enquanto “estratégia pedagógica”. Para a autora, os blogs, enquanto “recurso pedagógico”, podem constituir (Gomes apud Coutinho e Alves, 2010: 9):
1) Um espaço de acesso a informação especializada ou,
2) Um espaço de disponibilização de informação por parte do professor.
Enquanto “estratégia pedagógica” os blogs podem assumir a forma de:
1) Um portfólio digital;
2) Um espaço de intercâmbio e colaboração;
3) Um espaço de debate – role playing ou ainda
4) Um espaço de integração.”
Nós como futuros professores podemos e devemos recorrer a estas excelentes ferramentas que a Web 2.0 nos proporciona, porque as tecnologias hoje são o habitat natural das novas gerações. As vantagens são inúmeras, pode facilitar em muito a organização e preparação das aulas, leve os alunos a terem um maior interesse pelos conteúdos, ajuda a estar sempre atualizado e a uma comunicação mais célere e eficaz.
Bibliografia:
COUTINHO, C. P. ALVES, M. (2010), Educação e Sociedade da Aprendizagem: um olhar sobre o potencial educativo da Internet, in Revista de Formación e Innovación Educativa Universitária. Vol. 3, nº 4, 206-225